Sentiu o gozo na cara, como se fosse a própria felicidade estampada no regozijo da vida pútrida. Deleitava-se no lençol sujo, que cheirava a amores passados. O parceiro, inquilino de sua solidão, divagava a respeito das salivas, dos fluidos de artigos libidinosos, do sangue e da porra que restavam naquele lençol fedido.
Amassada e amancebada de desejos ligeiros, a dondoca descontou no pau do transeunte, anos de resignação burguesa, carregada de vingança.
-Dizem que a vingança é um prato que se come frio.
Ela disse.
O anônimo se ajeitou na cama e a fitou nos olhos.
A perua prosseguiu.
-Pois eu comi quente. A tal vingança, quente e lambida.
Sem entender nada, e sua existência nem dependia e nem sequer possuía as cargas necessárias para entender tal psicologismo, o amante anônimo agarrou-a novamente, a jogou de bruços, enfiou-lhe um sopapo na cara, cuspiu na cova da bunda burguesa, engomou o pau e enterrou-o no cú da burguesia curitibana. Numa ingenuidade e naturalidade histórica, disse na mais profunda populeza.
-Galinha que come pedra, sabe o cú que tem!
Ela sorriu, se deliciou e deu pro amante pobre e anônimo. Encarando no sonho, a cara do babaca do seu marido que se afunda em cocaína, da vadia de sua mãe que vara noites com pilhas de antidepressivos e do falido e empoeirado brasão da família, que há anos não ostenta nem sequer seu próprio peso.
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